Por que você não senta para nós conversarmos? Você prefere de pé? Tudo bem por mim também. Às vezes algumas situações são mais fáceis, ou melhor, um pouco menos difíceis de digerir quando nossos pés tocam ao chão, nos lembrando que somos reais.
Você entende o que quero dizer, não é? As subidas e descidas dos nossos pensamentos, sem nos deixar andar de mãos dadas com a constância, fazem com que, ao olharmos para dentro dos nossos próprios olhos, nos questionemos se, finalmente, a loucura nos dominou de corpo e alma.
Sentir as forças se esvaindo, como água que dança no corpo da cabeça aos pés, sem parar até chegar ao fundo do poço, é um lembrete de que os dias estão distantes de ser aquilo que esperávamos que fossem. Então, mamãe, feche a janela, por favor. O entrar do sol não mudará nada por aqui.
Os braços pesados, que não aguentam o peso do garfo para ser levado aos lábios e os pés que não respondem ao pensarmos em dar pequenos e leves passos em direção ao banheiro estalam o nosso consciente lembrando que, nessa corrida, cruzamos a linha de chegada e recebemos a faixa escrita: parabéns, você perdeu mais uma vez!
Ninguém nos contou que a depressão era uma concorrente tão forte e que ela estaria disposta a tudo para levar os troféus para casa. O da vontade de viver. O da sanidade mental. O do desejo de estar com os amigos e familiares próximos. O de ter forças para comer e tomar banho. O de acreditar que ser feliz é possível.
Também não nos contaram que a arquibancada sempre estaria cheia para nos verem perder, da forma mais humilhante de todas, e a pista de corrida... Bom, para eles, essa sempre estará vazia, afinal, saltar as grades quando nos vissem caídos ao chão nunca pareceu uma opção, não é?
Mas sabe, tudo bem, porque nessa disputa incessante, todos os competidores são iguais a você. Inclusive eu, há um ano e meio. Então, nós não estamos preocupados em sermos os primeiros a chegar, mas que todos cheguem, porque a verdade é que por mais que, na nossa própria mente, insistam em dizer que não merecemos, está na hora de recuperarmos alguns troféus. Quem sabe todos?
Com amor,
Alice Arnoldi