Ana sentou-se em frente a ele, respirou fundo, olhou dentro dos seus olhos e apenas despejou a pergunta que estava dentro dela há meses, mas que nunca havia tido forças para dizer: "por que, mesmo em meios aos seus pedidos de desculpas e lamentações, não me machucar nunca é uma opção?".
Ele cogitou abrir os lábios e dizer que Ana estava errada, mas apenas um grande suspirou saiu como resposta de sua boca e, naquele momento, ambos sabiam que a pergunta não tinha resposta certa, mas que o questionamento da menina era verdadeiro.
Ela pensou em levantar, gritar com todas as letras que ele era um completo idiota e sair derrubando tudo que havia em sua frente, mas Ana estava cansada. Ela havia gastado todos os resquícios de amor e força que haviam dentro dela nas desculpas construídas em sua mente para que, nem por um segundo sequer, ela pensasse em soltar a corda, que mesmo rasgando sua mão com os nós que surgiram com o passar dos anos, ainda parecia egoísmo demais deixá-la despencar ao chão.
Porém, o silêncio dele rasgou o peito de Ana de um lado ao outro e naquela fração de segundos, em que não havia mais nada vivo o suficiente dentro dela, a corda sucumbiu. Não porque caiu ao chão, mas porque estourou, afinal, um lado estava sendo mais puxado que o outro.
Alice Arnoldi
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