"Você está chorando?", ouvi uma das minhas amigas perguntar para a outra enquanto estávamos falando sobre um daqueles assuntos que são como nós na garganta se apertando cada vez mais com a sequência das palavras ditas.
Com os olhos marejados, mas a cabeça erguida, pudemos ouvir um "sim" e, instantaneamente, a abracei e pedi para que ela não chorasse, porque eu teria que acompanha-la no desaguar repentino em meio à praça de alimentação de um shopping.
Mas agora, lembrando da expressão sincera que surgiu em sua face e da decisão espontânea de não esconder as lágrimas insistentes, só consigo pensar: é preciso muita coragem para fazer isso.
Não era simplesmente o chorar e sair com o rosto inchado de uma sala de cinema, era desvestir o sorriso automático, a risada forçada rotineira e o "uma hora vai melhorar", para admitir para si que o peso da armadura desgastou os ombros e a está levando em direção ao chão.
É preciso muita coragem para pedir socorro sem dizer uma palavra. É preciso muita coragem para admitir que não está tudo bem. É preciso muita coragem para transbordar uma represa em uma sociedade que aplaude a seca das emoções.
Alice Arnoldi
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