14 de out. de 2016

Ele é mais do que um cachorro

                                    Foto e edição: Alice Arnoldi

Sansão, um cachorro que nasceu do cruzamento de um labrador com um dachshaund, de oito anos, no dia de hoje amanheceu abatido e, ao mesmo tempo, bravo. Mais tarde, descobri que o seu rosnar de dentes e a vontade de ficar quieto em um canto eram por dores na barriga. 

Não soube mais notícias dele enquanto estive na faculdade, mas assim que cheguei em casa, pude ouvir o seu choro pedindo para que fosse vê-lo. 

Como sempre, abri o portão para que ele viesse até mim e sentei-me ao chão para que pudesse acarícia-lo. 

Rabo abana de lá, rabo abana de cá.

Ele parecia melhor, mas quando há amor envolvido, não queremos apenas o "melhor", mas queremos o bem definitivo. Então, o abracei forte e, em pensamento, orei. 

Talvez isto, o orar por um animal de estimação, seja besteira para muitas pessoas, mas quando penso na ideia de ver o Sansão sofrendo, só penso em correr para aquEle que jamais deixou o meu coração imerso em sofrimento. 

Orei. 

Depois, estendi a mão para tocá-lo novamente em um ato de carinho. Ele rosnou e quase abocanhou minha mão, que puxei rapidamente de volta para mim. Ele entrou em sua casa e eu levantei do chão, indignada com a reação dele.

Entrei na cozinha irritada, pois eu havia acabo de orar para sua cura e ele, sem pensar duas vezes, quase mordeu meus dedos. Lavei a mão e, de repente, percebi que o Sansão havia me ensinado o verdadeiro significado do evangelho. 

Mergulhar o outro em amor não é fácil, principalmente quando ele nos fere, fazendo com que tenhamos um o corte que, ainda que não seja físico, é capaz de rasgar a alma do começo ao fim. 

O verdadeiro evangelho não é sobre abraçar apenas quem nos faz bem, mas quem precisa. Isso, incontáveis vezes, inclui imergir em amor quem foi o autor de muitas mágoas e, ainda, quem é julgado por conceitos criados por você.

Sendo assim, que tenhamos cortes imensuráveis ainda que doam, mas que nunca paremos de abraçar quem precisa ser abraçado e não quem gostaríamos.

"É o que o Filho do Homem faz: Ele veio para servir, não para ser servido - e para dar a própria vida para salvar muita gente" (Marcos 10:45). 

Alice Arnoldi


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