1 de out. de 2016

A dor humaniza

                                                                                                                                                      Alice Arnoldi

Ainda que dividir sorrisos seja estar próximo do outro, chorar o choro de quem se ama é o que faz os laços se estreitarem verdadeiramente. 

Não que haja algo romântico em sofrer, pois se as lágrimas não forem de felicidade, elas surgem a partir de um nó insuportável na garganta e rolam depois de muita dor, mas ainda assim, é em meio ao sofrimento que tudo se torna mais vivo em nós.

É em meio ao cabelo bagunçado, aos olhos inchados, às mensagens desesperadoras, cheias de gritos e fungadas, que a verdadeira face é revelada para si e para quem está ao redor. 

Quando tudo que está envolto a nós desmorona, a armadura mais dura e supostamente bela, vestida com orgulho, desapego e amor próprio, despenca ao chão sem nenhuma permissão. 

Ao mesmo tempo em que há sangue jorrando por todos os lados, há um peso, de tijolo por tijolo, sendo tirado dos nossos ombros, pois não precisamos mais ser a farsa que dizíamos ser. Não há mais muros, guardas, armas e ataques repentinos. 

Sobraram apenas os escombros, que ainda que não fossem bonitos, eram o lembrete mais real de quão frágil à vida é. De quão humanos nós somos e de que não há nada de errado com isso. 


Alice Arnoldi

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