19 de jul. de 2016

Ô, menino

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Os olhos dele dialogavam com a minha alma, e não havia perigo maior do que esse. 

Estava tudo bem em saber a minha banda favorita e a música escolhida entre tantas, mas conseguir decifrar, sem uma palavra dita sequer, aquilo que atordoava as batidas do meu peito... Bom, aí já não estava tudo bem. 

Era uma cutucada no meu orgulho de cá, uma cutucada de lá, e pronto, lá estávamos nós discutindo novamente, enquanto ele era capaz de descrever as sensações que percorriam cada extremidade do meu corpo. 

Se ele dedilhasse o meu cabelo, estava tudo bem. Se ele dedilhasse as minhas bochechas, estava tudo bem. Mas ele escolheu dedilhar a minha alma, e eu não sabia, por um segundo sequer, que isso era possível. 

Se dissessem que sexo era íntimo, retrucaria dizendo que essa pessoa nunca experimentou a sensação de enxergar um universo inteiro através de um olhar. 

Ele era uma ilha. Isolada, ensolarada, bonita.

Ele era um mundo inteiro, dentro de um olhar sorrateiro.


Alice Arnoldi

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