17 de jun. de 2016

Literando: Amor Amargo

                                                                            Fotografia e edição: Alice Arnoldi

Lançado no Brasil, em 2015, pela Editora Gutenberg, o livro da escritora Jennifer Brown,
com título original de Bitter End, foi traduzido como Amor Amargo. Seu nome, denso e embasado, faz referência ao tipo de relacionamento discutido na trama: o abusivo.

Entre as 243 páginas da ficção estadunidense, Alex, estudante do último ano do colégio, conhece Cole, que é descrito inicialmente como um jovem irresistível, delicado, extremamente romântico e que precisa de ajuda para melhorar suas notas em algumas matérias a fim de permanecer no time de basquete da escola. 

Com suspiros e sorrisos bobos, o livro conquista, dessa maneira, o leitor durante as primeiras páginas, até que alguns comportamentos estranhos, pela parte de Cole, surgem. Aquilo que parecia um ato romântico, torna-se pressionador. O que era para fazer Alex sorrir, acaba machucando-a. Os limites do suportável e normal começam a ser questionados. Indagações também são feitas sobre Alex continuar com uma pessoa que tem atitudes, no mínimo estranhas, com ela. Até que não é possível mais aguentar o que está acontecendo com a protagonista e, então, como não há a possibilidade de mudar a atual situação com as próprias mãos, a vontade é de colocar a história de volta na cabeceira e talvez começar uma nova.

Os sentimentos de ansiedade e nervoso surgidos no espectador, para que Alex consiga enxergar os problemas que a rodeiam, refletem como seria conviver com uma pessoa próxima a você nessa situação, e não conseguir encontrar atitudes boas o suficiente para mudar as condições de vida dela. 


                                                                                    Fotografia e edição: Alice Arnoldi

A autora do best-seller A lista negra questiona o real sentido do verbo "conhecer". Relata como a superfície de uma pessoa pode parecer bonita e idealizadora, mas sua profundeza assustadora e perigosa. Jennifer Brown leva seu público ao limite da paciência. Diversas vezes, durante a leitura, há o questionamento de "Por que a Alex simplesmente não rompe com essa situação de uma vez por todas?"; e, então, todo o núcleo sobre relacionamentos abusivos é explicado: primeiramente, não é fácil perceber as raízes opressoras de uma relação e mesmo que, depois de um tempo, a pessoa entenda em quais circunstâncias sua união está imergida, não é fácil desvencilhar-se de tal realidade, seja ela construída há um mês ou há oito anos. 

Formada em Psicologia, Brown, após um intenso estudo sobre a violência contra as mulheres, construiu essa obra literária com abordagens de assuntos importantíssimos como machismo, abuso, violência doméstica e até mesmo cultura de estupro - já que a agressão não é só física, mas emocional e psicológica também -, a partir de personagens fictícios, mas que foram elaborados com personalidades presentes em pessoas comuns, o que leva à identificação.

Nas últimas páginas do livro, há algumas perguntas relevantes sobre abuso, respondidas pela escritora, como: "Quais são as características de um agressor?"; ou "Tenho a impressão de que uma amiga está sendo vítima de violência. Como posso ajudá-la?", e entre tantas outras questões que são necessárias para auxiliar no entendimento de quais são os parâmetros que caracterizam um relacionamento abusivo e como reverter essa situação.


Alice Arnoldi




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