Tudo bem, é inevitável, eu quero escrever para mim, mas acabo escrevendo para você, pessoa comum como eu, para ela, sentada de qualquer jeito no sofá, para ele, que está colocando o celular para carregar, mas que de repente, resolveu dar uma chance para esse texto meia boca, convenhamos.
Meia boca.
Meia boca.
Meia boca.
Não consigo explicar o quanto essas duas palavras juntas representam os meus dias, ou melhor, o ano.
Quero só colocar as cartas na mesa, de uma vez por todas.
Semana passada fiz a prova do Enem, e meu Deus, que lástima. Nunca chorei tanto em um final de semana como eu chorei naquele. Tentava pensar em outro assunto, mas tudo o que eu conseguia pensar era o quanto eu gostaria de passar na faculdade, mas, devido a minha nota, não irá acontecer esse ano. Meus amigos comentavam sobre as questões e também sobre o tema da redação, enquanto eu só queria assistir um episódio de uma série, para talvez fugir do assunto, e quem sabe, achar uma explicação para as alternativas meia boca assinaladas por mim.
Vocês percebem quantos "que" eu já utilizei? Descobri que (está vendo?) tenho esse problema, esse ano, enquanto eu apagava e refazia a redação do colégio, do vestibular, ou escrevia qualquer frase que fosse na minha apostila. É engraçado, não parecia um defeito até tirarem ponto de mim por causa disso.
Tenho vontade de chorar pensando nisso, mas de rir também. Tenho vontade de rir porque os meus erros gramaticais e literários, fizeram meus amigos gargalharem um pouco, enquanto eu tentava dizer calmamente alguma palavra até então comum, e a minha professora de português (ah, como eu sentirei saudade dela) olhar um pouco torto, enquanto eu dizia uma resposta meia boca para as questões relacionadas a análise de alguma obra que ela tanto ama.
Tudo meia boca.
Mas de repente, o consolo surge. A dúvida em relação aos cursos em que pensei fazer, não é meia boca. E os cursos também não são. Medicina e Comunicação Social/Midialogia. Estranho, complexo, até bizarro, eu sei.
Quando você passa a sua vida inteira dizendo: mãe, eu vou fazer medicina. Mãe, eu vou fazer medicina. É difícil você simplesmente dar ré e virar na esquina anterior, mas hoje percebo que não é impossível.
Terceiro ano do colégio, vestibular, adolescência, vestibular, amigos, vestibular, inimigos, vestibular e o pensamento de qual recurso linguístico estou usando ao repetir vestibular tantas vezes.
Vocês conseguem perceber o quão sem sentido e louco está esse texto? Sabe por quê? Porque terceiro ano do colegial é sinônimo de loucura. É sinônimo de não conseguir administrar o tempo, de ouvir frases prontas, de chorar (coloca chorar nisso), mas também é tempo de abraçar forte os amigos (beijo Guilherme, beijo Mariana), de falar que vai passar a tarde no colégio estudando, mas escolher uma dessas tardes para conversar e dançar de maneira estranha. Tempo de construir memórias.
Entre todas as loucuras da vida, posso dizer que a maior delas foi viver e essa, não foi meia boca. Estou caindo no senso comum, eu sei, mas depois da redação do Enem, tudo bem fazer isso aqui.
Talvez eu faça Medicina, provavelmente não, talvez eu faça Comunicação Social ou Midialogia, talvez não, mas posso dizer que sou grata por ter a oportunidade e consequentemente, a dúvida.
Não é fácil para você, assim como não é para mim. Você sai com seus amigos e tudo o que vocês sabem conversar é sobre vestibular, mas eu posso dizer que irá valer a pena. Daqui a alguns anos, vocês estarão conversando sobre o futuro tema do tcc, sobre o primeiro emprego, primeiro salário e eu só espero que exista amor em todas essas conversas, para você sentir esse feeling maravilhoso. Você entende o que eu estou querendo dizer? Eu espero que sim.
Não compensa se não for por amor. Não compensa se o motivo não for pessoal. Não compensa se você entrar no chuveiro e não simular a sua reação ao ser aceito na faculdade. Tem que ser por amor, antes de ser por qualquer outro motivo.
A caminha é longa, mas que cada passo seja por amor.
Que
seja
por
amor.
Amor.
Amor.
Amor.
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