27 de jun. de 2016

Se Ana tivesse asas...

                                                                       Fotografia e edição: Alice Arnoldi

"I don't wanna be here anymore, I wanna be somewhere else normal and free.".

Ana queria experimentar a sensação de estender os braços e grandes asas surgirem em meio aos ossos de sua coluna, mas ela sabia que isso só cabia aos pássaros, insetos em gerais e anjos. Pensando em cada um deles e em suas experiências, a sensação maravilhosa, em sua percepção, não estava em literalmente voar, mas na possibilidade de deixar tudo para trás, em frações de segundos, caso ela tivesse asas.  

Ana gostaria que seu coração pudesse voar para longe de tudo aquilo que o fazia denso, a ponto de sentir-se sem vida. Ana gostaria que seu coração, finalmente, vivesse sem ser como uma grande parede cheia de rachaduras. Rachaduras que não permitiam que a água pudesse ser controlada, e, então, as boas raízes de seu coração - construídas com noites mal dormidas, pois Ana pensava em outras pessoas e repensava suas palavras agressivas para não serem jogadas como grandes pedras nos corações de terceiros -, desmoronavam em um estralar de dedos.

Talvez Ana só queria estar em um lugar alto o suficiente para que sua voz ecoasse e, finalmente, se sentisse livre ao ser ouvida. Sendo assim, as asas, para Ana, não pareciam tão belas se não a levassem para o lugar que ela sempre desejou estar: o de ser ouvida.  


Alice Arnoldi

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