Disseram a ela que, ela não poderia trocar o jaleco pela caneta e pelo papel. Colocaram todos os defeitos em suas escolhas. Questionaram seus motivos e concluíram, sem darem importância para o tamanho do que estavam falando, que não eram motivos o suficiente. Falaram que estava tudo bem, porque suas escolhas nunca foram as melhores. Afinal, ela estava namorando uma pessoa estranha ao olhos de sua família.
Aos domingos, eles gritavam que ela não poderia sair com ele, enquanto ela não explicasse seus motivos para escolher ele, ao invés de seu vizinho. Ela explicou os seus motivos, e eles, sem darem importância para o tamanho do sentimento que estavam falando, disseram que não eram motivos o suficiente. Ela subia as escadas, encostava a porta e ligava para ele dizendo que só poderia vê-lo no outro dia, escondidos. Ele perguntou se ela sentia vergonha dele e ela não julgou sua pergunta, porque diferente das outras pessoas, ela sabia o tamanho de suas inseguranças e o motivo para elas era o suficiente. Ela suspirou, e disse que sua única vergonha era não conseguir achar, entre o infinito de palavras que existia em sua mente, as corretas e capazes de mostrar a sua família o quanto ele era capaz de tirar o seu coração para dançar, mesmo que a música estivesse no mudo. Ele disse a ela que gostaria de poder aumentar o seu infinito, para ela poder calar o mundo. Ela sorriu, porque ela sabia que ele havia calado o mar de inseguranças que havia em seu corpo, e afirmou a ele que poderia conviver com a suposta falta de motivos para as pessoas e sua incompetência em achar as palavras certas, desde que ele estivesse em algum lugar do mundo para dizer a ela que a estaria esperando, e que o seu motivo para tamanha atitude, era o suficiente.
Na manhã seguinte, Ana pendurou um bilhete na geladeira que dizia:
"Não importa se eu não tenho motivos o suficiente para vocês, eu sou o suficiente para alguém, e ser sempre será maior do que ter.
Que sejamos maior amor,
Ana."
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